Crítica | ‘O Esquadrão Suicida’ é empolgante e divertido, mas não tão irreverente quanto poderia ser

Crítica | ‘O Esquadrão Suicida’ é empolgante e divertido, mas não tão irreverente quanto poderia ser

Crítica | ‘O Esquadrão Suicida’ é empolgante e divertido, mas não tão irreverente quanto poderia ser

Um verdadeiro símbolo da falta de planejamento da Warner Bros. em emular a fórmula da Disney/Marvel, o primeiro Esquadrão Suicida foi um desastre artístico após várias intervenções do estúdio...

Crítica | ‘O Esquadrão Suicida’ é empolgante e divertido, mas não tão irreverente quanto poderia ser
Imagem: Reprodução | Divulgação
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Um verdadeiro símbolo da falta de planejamento da Warner Bros. em emular a fórmula da Disney/Marvel, o primeiro Esquadrão Suicida foi um desastre artístico após várias intervenções do estúdio no processo de pós-produção, que transformou a visão sombria de David Ayer em um filme pop no estilo dos Guardiões da Galáxia. Mesmo assim, o longa se tornou em um sucesso absoluto de bilheteria e é muito popular até os dias de hoje.

Após vários anos de desenvolvimento, o projeto da sequência obrigatória finalmente esbarrou na nova estratégia da Warner de não replicar os planos da concorrência em estabelecer um extenso universo compartilhado coeso, resolvendo apostar em histórias mais isoladas do DCEU. Após o diretor James Gunn ter sido afastado temporariamente da produção de Guardiões da Galáxia Vol 3, por conta de piadas polêmicas que postou no Twitter em 2009, a Warner logo o contratou para comandar o filme dos vilões.


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Do longa de David Ayer, Gunn só trouxe de volta apenas a popular Arlequina (Margot Robbie), Amanda Waller (Viola Davis), Rick Flag (Joel Kinnaman) e o Capitão Boomerang (Jay Courtney). Para sua versão, ele reuniu um elenco diversificado e talentoso que vai de Idris Elba, como o Sanguinário, à John Cena, como o Pacificador.


O enredo é simples: uma gangue de condenados é enviada em uma missão suicida pelo Serviço Secreto Americano. O objetivo? Invadir a ilha de Corto Maltese para eliminar uma ameaça subterrânea que incomoda as mais altas autoridades.

O filme começa com o ator Michael Rooker, ele interpreta um cientista criminoso que se junta à Força-Tarefa X, projeto do governo liderado por Amanda Waller: uma equipe de encarcerados escolhidos para missões secretas de alto risco em troca de redução em suas penas. Cada membro da equipe é dispensável e se algum tentar fugir, um dispositivo explosivo em seu pescoço pode ser ativado por Waller a qualquer momento.


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Sob a supervisão do militar Rick Flag, a unidade deve se infiltrar em Corto Maltese para evitar que a junta militar que acabou de derrubar o governo apreenda uma misteriosa arma secreta conhecida como Projeto Jotunheim. A apresentação de cada personagem é muito eficiente em abandonar a exposição que atrapalhava consideravelmente seu antecessor, visto que Waller rapidamente montou um novo time.

O filme é fortemente baseado nos quadrinhos de John Ostrander (que faz uma participação especial no começo). Além disso, a estrutura narrativa funciona quase como uma HQ em carne e osso, visto que é dividida por capítulos – e Gunn faz questão de deixar bem claro quando começa e termina cada um deles.

Gunn e seus editores, Fred Raskin Christian Wagner, construiram um ritmo constante, mas sem parecer apressado. A fotografia do britânico Henry Braham (que também está trabalhando em The Flash) é suntuoso, brilhante e às vezes um tanto quanto psicodélico. A direção do próprio Gunn é excelente, com cenas de ação de encher os olhos

O Esquadrão Suicida; Esquadrão Suicida; James Gunn

O longa também possui uma combinação perfeita de diferentes técnicas: maquiagem, efeitos práticos e visuais, e não falha nas capturas de movimento de personagens como Tubarão-Rei e o Doninha. O ambiente sonoro também funciona formidavelmente, seja pela trilha sonora poderosa de John Murphy ou pela lista de músicas selecionadas a dedo por Gunn.

O Esquadrão Suicida é, acima de tudo, uma declaração de amor ao mundo dos quadrinhos, talvez até a mais bem-sucedida em trazer o que um bom leitor sente ao ler um gibi de super-heróis. Virando as costas às tentativas de redefinir as encarnações mais cartunescas dos personagens para transpor uma áurea mais “realista”, James Gunn abraça todos os aspectos mais bizarros e ridículos das HQs, enquanto consegue adicionar – sem esforços – a sua assinatura estética.

O tratamento que o Starro ganha no filme é simplesmente perfeito. Visualmente fiel à sua contraparte nos quadrinhos, Gunn consegue o tornar engraçado e ameaçador ao dar a ele um peculiar meio de comunicação, que acaba funcionando não só como artifício de roteiro para um final épico, mas também como personagem real movido por motivações plausíveis.

O Esquadrão Suicida; Esquadrão Suicida; James Gunn

No entanto, apesar de O Esquadrão Suicida ser um espetáculo visualmente deslumbrante que alterna implacavelmente momentos de humor, ação, emoção, e ainda ter boas críticas às políticas externas do governo americano, não há grandes subversões por aqui.

Mesmo que haja algumas sátiras aos clichês comuns nesses tipos de produções, não é uma obra suficientemente ousada que se espera do ”irreverente” James Gunn, principalmente quando o mesmo está coberto de liberdade absoluta para fazer o que quiser.

Numa indústria lotada de grandes produções escapistas de super-heróis, poucas coisas são mais revigorantes do que uma boa dose de revisionismo destes personagens, e para fazer isso não é preciso abandonar a ideia de replicar as estranhezas e caricaturas do mundo dos quadrinhos. Era isso que deveria ter sido a nova aventura do Esquadrão, pois não há nada de ousado em matar vários personagens que já esperávamos que não fossem durar por muito tempo.

O Esquadrão Suicida; Esquadrão Suicida; James Gunn

A violência e os diálogos que tinham a oportunidade de realmente serem contrangedores, aqui são usados como meros recursos estéticos: piadas estúpidas relacionadas à sexo e fezes, que parecem que foram tiradas de qualquer programa ruim de comédia. O que era de se esperar de uma proposta como a do filme – e principalmente considerando as mentes pensantes por trás do projeto – é que seria algo, no mínimo, tão escroto e exótico como The Boys, só para servir de ilustração.

Talvez o ”cancelamento” de Gunn anos atrás, que resultou em sua demissão (e posteriormente recontratação) pela Disney, tenha causado no diretor uma espécie de bloqueio em ultrapassar os limites do ”aceitável” impostos pelas patrulhas organizadas da internet, enquanto ainda finge que é um homem sem filtros e ousado.

Ora, alguém verdadeiramente irreverente bateria no peito mostrando que tem autônomia para ser quem é, não se preocuparia em passar além dos limites em suas obras ou suplicaria por perdão na internet pelos equívocos cometidos. Ainda assim, O Esquadrão Suicida possui uma personalidade sarcástica que rende bons momentos de ironias e escárnios, que ocasionam em um filme muito divertido e bem humorado.

O Esquadrão Suicida; Esquadrão Suicida; James Gunn

Apesar dos freios que o próprio James Gunn se deu, não há como negar que existe uma sensação de total liberdade criativa que raramente é sentida neste tipo de super produção, principalmente quando se trata de um produto da Warner Brothers. O que torna (ou deveria) mais uma vez evidente ao estúdio que o segredo para se fazer bons filmes da DC é simplesmente deixar seus profissionais criativos trabalharem.

NOTA: 3,5/5

Mas e você, já assistiu O Esquadrão Suicida? O que achou do novo trabalho de James Gunn? Deixe suas opiniões em nossas redes sociais!

O filme já está disponível nos cinemas brasileiros e só chegará ao HBO Max Brasil no mês que vem, provavelmente no dia 9 de setembro.

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