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‘Pacificador’ explora comentários de Alan Moore sobre as origens dos heróis
A série Pacificador de James Gunn é a prova mais próxima da opinião controversa de Alan Moore que liga a origem dos super-heróis ao fascismo da supremacia branca. O personagem...
Compartilhe: Diego Henrique
Publicado em 17/1/2022 - 04h26
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A série Pacificador de James Gunn é a prova mais próxima da opinião controversa de Alan Moore que liga a origem dos super-heróis ao fascismo da supremacia branca. O personagem de John Cena é um vigilante que acredita estar trabalhando a serviço da justiça e da verdade, mas que foi claramente envenenado e radicalizado pelo racismo de seu pai, o “Dragão Branco”.
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Em uma entrevista notória de 2016, na qual ele denunciou a cultura obcecada por super-heróis e os perigos nela, o criador de Watchmen, Alan Moore, associou os mascarados com o ressurgimento da supremacia racial. Moore é, claro, um incendiário e um crítico vocal de muitos aspectos dos quadrinhos e da cultura pop, particularmente em termos tanto da corporatização dos quadrinhos quanto da deificação dos super-heróis.
Apesar da maneira como foi enquadrado em vários pontos desde seu lançamento, Watchmen provavelmente tipifica a imagem do quadrinho político mais do que qualquer outro por ter alcançado uma atenção tão ampla. O comentário ali é desconfortável, desafiador e profundamente político de uma forma que a adaptação de Watchmen da HBO foi executada com grande sucesso.
A comparação de Moore entre a Ku Klux Klan e os super-heróis é uma extrapolação do comentário sobre os perigos do vigilantismo que os filmes da Marvel e da DC exploraram há muito tempo como uma tendência de seus universos. Filmes como Capitão América: Guerra Civil e O Cavaleiro das Trevas fizeram comentários sobre super-heróis operando fora da lei e os perigos associados, mas nenhum foi tão longe quanto Pacificador.
Enquanto brinca com a percepção de heroísmo abertamente, o personagem ultrajante de John Cena acredita que ele é um herói. A trama da série explora a ligação entre a supremacia racial e o vigilantismo do Pacificador, tornando o tema uma parte consistente de sua história de origem. Ele não é uma reação ao racismo, ele é um produto disso.
Os três primeiros episódios de Pacificador trabalha muito com a ideia de que Chris Smith acredita ser superior, mas não da mesma forma que seu pai, que se revela ser um líder de uma seita neonazista. O anti-herói está acima da lei, disposto a quebrá-la de um milhão de maneiras para defendê-la e proteger a justiça.
No entanto, ele é produto de sua educação tóxica, e luta frequentemente contra acusações de racismo por causa de sua história familiar. Claramente, há uma grande desconexão entre a ideia do Pacificador como um herói e de seu pai como o personagem que se juntou a um grupo neonazista chamado de Quarto Reich.
O fato é que a série de James Gunn parece estar abordando diretamente o conflito entre “super-herói” e a mesma origem supremacista branca de que Alan Moore citou em suas declarações. É uma parte interessante e importante da discussão, considerando que a maioria dos comentários de filmes de super-heróis sobre os perigos do vigilantismo parecem, na maioria das vezes, reforçar a justiça dos “heróis” que operam acima da lei.
O Pacificador de John Cena pode ser apresentado como algo diferente de Batman, Superman, Homem de Ferro ou Capitão América, mas ele se percebe igual a eles (ou ainda melhor, já que eles possuem limites para combater o crime e a injustiça) e é através de sua jornada aparentemente inevitável de autodescoberta que Pacificador explorará as mesmas ideias apresentadas por Alan Moore.
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